A origem do povo judeu mistura-se aos livros sagrados do judaísmo, 
cristianismo e islamismo. É importante traçar aqui a genealogia deste 
povo uma vez que, mesmo nos dias de hoje, os fundadores destes povos 
ainda são lembrados e invocados. Se você acha que quem vive de história é
 museu, é bom rever seus conceitos. Nós só vivemos o presente e este é, 
justamente, a resultante de todo o nosso passado. Mais precisamente, 
entender o conflito no Oriente Médio é uma tarefa complexa. A 
civilização nasceu naquela região. Então, irei me ater apenas ao que 
realmente interessa para fins de entendimento do conflito Israel e 
Palestina. Mesmo assim, o texto é longo e não poderia deixar de sê-lo.
A origem do povo hebreu
O povo hebreu é um 
povo semita (um ramo lingüístico comum a hebreus e árabes), descendente 
de Éber, filho de Noé, que por sua vez é descendente da 9ª geração de 
Adão e Eva e era formado por pastores nômades viviam na cidade de Ur, na
 Mesopotâmia. Ali, às margens do Rio Eufrates, nascia Abrão, filho de 
Terá, no seio de uma família politeísta. 
Abrão
 desde cedo se recusou a aceitar o politeísmo e a idolatria às estátuas e
 aos astros. Tentou convencer seu pai e o povo de que tudo aquilo 
deveria ser obra de um único deus. O rei de Ur, Nimrod, sentiu-se 
particularmente ameaçado e insultado, pois ele mesmo queria ser 
considerado um deus. Ele condenou Abrão a morrer dentro de uma fornalha 
ardente, mas, milagrosamente, 
Abrão saiu da fornalha sem se queimar.
Por
 volta dos seus 75 anos, o deus de Abrão (chamado aqui de Jeová) 
finalmente se revela e pede para que Abrão deixe sua terra e parta para 
outro lugar. Ele se dirige para Canaã com sua mulher Sara, com sua 
família e com os convertidos ao monoteísmo, mas no meio do caminho 
resolve parar na cidade de Harã (atual Turquia), que também era um 
grande entreposto comercial no Oriente. Em Harã, Jeová faz um pacto com 
Abrão, prometendo descendência numerosa, o rebatiza como Abraão (que 
significa “pai ou líder de muitos”) e lhe promete uma terra para seus 
descendentes. Esta terra prometida era Canaã (que é hoje onde fica 
Israel, Sul do Líbano e parte da Síria). Abraão continua sua longa 
peregrinação até a terra prometida, de acordo com a aliança firmada com 
Jeová. Canaã era habitada por cananeus, descendentes de Cam (neto de 
Noé). Entre outros deuses, os cananeus adoravam Baal e El, deus dos 
deuses. Este 
sincretismo entre Abraão e cananeus iria ser a base do monoteísmo judaico. Na verdade, os povos seminômades adoravam diversos deuses, mas 
precisava-se de um único deus forte
 para justificar um estado teocrático que desse respaldo para a 
autoridade de um único rei. As histórias, que eram apenas passadas 
oralmente de geração a geração, começaram a ganhar forma, cronologia, e 
assim, entre 1700 a.C e 400 a.C (as datas diferem, pois, ainda não há 
consenso), o Torá (ou Pentateuco) começou a ser redigido e incluía os 
livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. 
Uma vez
 em Canaã, Sara, mulher de Abraão, estéril e pretendendo dar um filho a 
seu marido, ofereceu sua serva egípcia Hagar para que gerasse o primeiro
 filho a Abraão. Hagar então gerou a Ismael, considerado pelos 
muçulmanos como o ancestral dos povos árabes. Mais tarde, aos noventa e 
nove anos, Abraão foi circuncidado e após Deus ter anunciado que Sara 
daria a luz a um filho - Isaac, que seria o herdeiro da promessa (de 
gerar uma grande nação). Isaac nasceu no ano seguinte a esse anúncio. 
Isaac foi instrumento da maior prova de fé de Abraão, quando Deus 
ordenou que ele levasse Isaac ao alto de uma colina para sacrificá-lo. 
Ao ver que Abraão, resignado e com uma faca pronta para degolar o seu 
filho, Deus enviou um anjo a segurar sua mão, impedindo de matá-lo.
Por
 volta de seus 60 anos, quando Abraão já tinha 160, Isaac teve filhos 
gêmeos com sua esposa, Rebeca. Nasceram Esaú (primeiro a sair do ventre 
e, portanto, primogênito) e Jacó. Quando Isaac estava velho, cego e 
achando que estava prestes a morrer, pediu para que Esaú sair, caçar e 
lhe fazer um bom guizado, prometendo logo em seguido abençoar o filho 
antes de morrer. Quando Esaú saiu, Rebeca chegou Jacó, seu filho 
preferido, e fez um guizado. A idéia era que Jacó se passasse por Esaú 
para receber a bênção de Isaac. Dito e feito, Jacó engana o pai enquanto
 Esaú ainda estava fora para caçar e entrega o guizado. Depois de ter 
comido, Isaac abençoou Jacó e disse: "
Deus te dê do orvalho do céu e
 da ferilidade da terra. As nações hão de inclinar-se diante de ti e tu 
serás o senhor de teus irmãos. Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito
 quem te abençoar!". Foi assim que 
Jacó se tornou herdeiro das promessas. Quando Esaú chegou, ficou furioso e planejou matar Jacó.
Jacó
 fugiu para a Mesopotâmia e ficou por lá por 20 anos, até deus pedir 
para ele regressar à terra de seu pai, ao que ele prontamente obedeceu. 
No caminho, um homem misterioso lutou com ele até pela manhã. E 
disse-lhe então:
"Deixa-me porque já vem vindo a aurora". Jacó respondeu: 
"Não te deixarei partir enquanto não me abençoares". O homem misterioso disse-lhe 
"Daqui em diante não te chamarás Jacó, mas Israel - que quer dizer guerreiro de Deus - porque se lutaste com tanta valentia com Deus, muito mais forte serás contra os homens". E o abençoou.
Mais
 tarde, Esaú reconciliou-se com Jacó. Este teve doze filhos (10 filhos 
dele e 2 adotados): Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dan, Neftali, Gad, Aser, 
Issacar, Zabulon, José e Benjamim. Estes dariam origem às 12 tribos de 
Israel. Elas sairam de Canaã numa época difícil para a agricultura e se 
estabeleceram no delta do rio Nilo, no Egito. Alguns acabaram 
subjulgados e escravizados pelos egípcios. Moisés, por volta de 1500 
a.C, os levou de volta à terra prometida. Lá, eles viveriam como tribos 
independentes até o Rei David fundi-las num único reino judeu, numa 
única e forte monarquia cuja capital passaria a ser Jerusalém (então, 
Cidade de David). Nascia o povo judeu, conforme a tradição bíblica nos 
conta.
 Extraído do site: http://www.umavisaodomundo.com/2009/01/origem-povo-judeu.html