sexta-feira, 8 de abril de 2011

Realmente uma tragédia!


Olá pessoal,
Eu acompanhei um pouco no trabalho essa tragédia em uma escola em Realengo. Li uma coluna de uma jornalista na qual gostei muito e a reproduzirei aqui no meu blog. Ele fala sobre o sensacionalismo, o opotunismo da mídia em uma quinta tão triste para os cariocas e brasileiros. Um crime bárbaro, aliás o que houve foi um massacre. Inocentes crianças perderam suas vidas. Eu não tenho muito o que dizer sobre isso. O que gostaria de ressaltar é o que abomino hoje em dia: a corbetura midiática. A midia vive do sensacionalismo, do exagero.Quando há um feito louvável a ser destacado, pouco ou nada se fala. Mas, quando acontece algo como o ocorrido hoje no Rio, se ouve uma enxurrada de besteiras e especulações somente para angariar ibope.
É triste e lamentável. Abaixo leiam o texto ao qual estou plenamente de acordo. Admiro a maneira de escrever de Walter Hupsel, ele nos mostra o que pensa de forma concisa e inteligente.

 Por Walter Hupsel  

Desculpem-me, esta é uma coluna escrita no calor do momento, da tragédia acontecida numa escola do Rio de Janeiro onde crianças foram covarde e brutalmente assassinadas. Não há palavras para descrever tamanho ato bárbaro, mas há de se buscar explicações, tanto para o assassinato em massa (sim, é necessário entendê-lo, mais que chamar o criminoso de psicopata) quanto para como ele conseguiu armas, munições e treinamento.

Mas não é sobre isso que quero escrever, e nem tenho conhecimento sobre o tema que me permita colaborar, de alguma maneira, com o debate. Meu foco é outro: a cobertura da imprensa.
Assim que soube do massacre pelo Twitter, corri pra TV para ter mais e melhores informações. Com muito bom grado obtive quantidade e não qualidade. Tive mais informações, mais informações inúteis e sensacionalistas. E olhem que faço parte de uma pequena parcela da população assinante de TV a cabo.
Não liguei a TV nos programas sanguinolentos do fim de tarde, nos quais os apresentadores gritam, gritam e gritam, mostrando imagens bizarras e pedem por mais sangue. Não, eu estava sintonizado num canal exclusivamente de notícias, em que elas seriam tratadas – acreditava eu – de maneira mais fria e analítica.
Ledo engano. Foi uma chuva de despautérios construídos imediatamente em cima da notícia, com a devida carga de sensacionalismo, desrespeito e oportunismo que, claro, muito mais reforça os estereótipos do que explicam a tragédia.
Jornalistas e “especialistas” buscavam qualquer explicação, qualquer uma, que pudesse explicar fato. Tentaram colar  o rótulo de “ateu”, como se isso fosse mesmo premissa para ser um assassino.  Um crime dessa magnitude só poderia ser praticado por alguém descrente, portanto, um monstro, não é mesmo? (Profundo desconhecedor da história, Datena disse hoje que “quem acredita em Deus não faz uma dessas.”)
Depois, mobilizando preconceitos, especulou-se que o criminoso fosse muçulmano. Quem mais além de um ateu poderia cometer tamanha barbaridade? Um muçulmano, claro! Afinal de contas, reza o preconceito, esse povo esquisito só pratica maldades no mundo. Obviamente que a isso segue a idéia de ser o massacre um “ato terrorista”.
“Ele era esquisito e estava com a barba muito grande”, falou a irmã de criação dele. Um jornalista conduz a entrevista: “Mas ele falou alguma coisa de religião… de  muçulmano?”. A irmã meio que induzida,  repete a idéia de ele era estranho e que falava estas besteiras de muçulmano. (Ouçam aqui).
Depois, especulou-se que era HIV positivo. Ateu, mulçumano e soropositivo. Independente de em qual dessas categorias o assassino se encaixasse, qualquer uma delas, a julgar pelo teor da cobertura, seria explicação necessária e suficiente para ele ter cometido o massacre. O ideal mesmo seria que ele fosse as três, simultaneamente.
Um especialista forense foi mais além e detectou, pelas roupas que o assassino vestia (coturno e calça verde) que deveria se tratar de um membro de organizações fundamentalistas… muçulmanas!!! Recrutado por estes grupos, ele foi escolhido pra ação porque tinha HIV e precisava se “limpar” no tal “ato terrorista”.
Pronto, simples assim. Em duas ou três horas de cobertura midiática, cercada de “especialistas”, o retrato feito. Encarnação da maldade. Mas se a realidade não se encaixa nestas teorias… quem se importa?
A tese está feita e divulgada a milhões de pessoas, estimulando preconceitos, espalhando desinformação e ódio. Mas, novamente, quem se importa?




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